quinta-feira, 4 de setembro de 2008

pequenos versos

1º - ___

Os pensamentos fazem da minha cabeça um remoinho
Que se lança e balança sugando-se a si próprio,
Na ânsia de alguma resposta encontrar.
Responder a quê? Não o sei. Sozinho
Neste trilho de falsos pastores afundo-me no ócio
Da coragem afogar: para nada ter de voltar a tentar.


2º - Calai-vos!

Odeio-vos a todos!
Odeio o céu e a terra,
Odeio Deus e o Diabo.
Odeio-te a ti: vida que erra
Em cada fôlego que não te finda
E em cada passo que não te encerra.


3º - ___

A chuva banha o caminho
Que rasgo a passos largos,
Na fúria da música que não oiço
E que não me deixa parar.

Da chuva que cai,
Que continua a cair,
E que cairá sem cessar.

4º -

Nada do que quero é,
Nada do que sinto se transcende,
Tudo é vil e desajeitado,
Todo o verso é precário,
E cada palavra um atentado
À beleza que sobejo.

Beleza, essa, que não passa
D’um triste trapo esfarrapado,
Esperando paciente
Pela hora de ser rasgado,
Perdido e esquecido,
Num mundo demasiado remendado.

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