* *
Porque não escrevo?
Porque não vejo?
Porque não sinto?
Porque?...
Não escrevo porque não quero.
Porque palavras lev’as o vento
E o que está escrito é eterno,
Porque a efemeridade é o alento!
Não escrevo por medo,
Não verei por vontade?
Dos olhos revelo a alma
Que te dou a cada olhar,
Sem a poder dar a mais ninguém,
Dou a quem não a pode amar!
(Palavras vãs as recito
Num presente que voa,
E de entre tudo o que fito,
Fito sempre o que não perdoa.)
Que pavor a querer
Tudo o que não mereço;
Que ódio a ser
Sempre o que não conheço…
Porém inspiro e vivo,
E escrevo, e sinto e vejo;
Apenas não escrevi o que fitei,
Nem senti a vida que sobejo…
E então, se de ser e corpo
O mundo vi,
Foi de alma e coração
Que morri!
Que ódio, que ruína,
Que vontade e que fraqueza,
Que sonho maldito,
E a negra tristeza…
Desse céu enfeitado
Pela quietude tumular
De tempo parado,
Vem essa doce brisa
De vento salgado,
Que trás da morte, a vida,
De um querer afogado...
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